O Antigo Cine-Teatro Carlos Manuel
Construído em 1945 sob projeto do arquiteto Manuel Joaquim Norte Júnior, o então Cine-Teatro Carlos Manuel foi, durante muitos anos, o único cinema de Sintra. Durante cerca de 40 anos fez parte do quotidiano da vida social e cultural Sintrense, encontrando-se fortemente enraizado na memória coletiva do município.
Ao incêndio que, em 1985, destruiu grande parte do edifício, seguiram-se alguns anos de abandono durante os quais eventos culturais temporários utilizam parcialmente os espaços ainda disponíveis.
Reconhecendo não só o valor e representatividade do edifício, como a necessidade de uma nova sala de cinema e espetáculos para a vila de Sintra que pudesse abrigar, entre outros, eventos do já prestigiado Festival de Sintra, a Câmara Municipal decidiu adquirir o imóvel – o que se concretizou em 1987 – e promover a sua reconversão e reabilitação.
Aspetos de Programa
O programa final, resultado da adequação das expectativas e necessidades iniciais aos condicionamentos próprios do local e da sua história, engloba assim um conjunto de salas, áreas de apoio e espaços técnicos de grande qualidade técnica e funcional. Todo o conjunto se articula em função das duas salas principais:
O Auditório Jorge Sampaio (Grande Auditório) tem uma lotação total de 967 lugares, sendo destes 68 em lugares amovíveis no prolongamento da plateia sobre o fosso de orquestra e os restantes distribuídos numa plateia, no balcão e em dois níveis de galerias laterais. É uma sala de teatro polivalente, preparada para receber todos os espetáculos de música, teatro, ópera e dança, bem como congressos e conferências.
O Auditório Acácio Barreiros (Pequeno Auditório), com uma lotação de 272 lugares, concebido como sala de cinema e de conferências, está igualmente equipado para pequenos espetáculos de música e teatro. De entre os espaços de apoio mais significativos, destacam-se uma Sala de Ensaios de área equivalente à cena do Auditório Jorge Sampaio ou ainda um conjunto de camarins coletivos subdivisíveis e de 6 camarins individuais que, no total permitem receber cerca de 172 artistas em simultâneo.
Como complemento à Sala de Ensaios, previram-se diversas salas de ensaio individuais tratadas acusticamente, bem como espaços de apoio funcional – salas de adereços, de lavagens, de rouparia etc. O novo corpo de cena, duplicando na vertical o volume da Cena, as duas coxias aproveitando toda a largura disponível do terreno, um subpalco, ligado ao novo fosso de orquestra e a zonas de armazenamento e de trabalho, são, talvez, os espaços de maior envergadura e importância para o funcionamento do Auditório Jorge Sampaio.
De relevo é também o equipamento de cena, com teia e três níveis de varandas, duas plataformas elevatórias no fosso de orquestra, toda a estrutura de quarteladas integralmente desmontáveis do pavimento da cena e, sobretudo, o sofisticado e totalmente motorizado conjunto de varas que constituem a teia. Ambos os auditórios dispõem naturalmente das correspondentes régies de som e imagem e cabines de tradução simultânea.
Ao longo dos foyers foram previstos diversos núcleos de instalações sanitárias e de bares. O núcleo administrativo, constituído por gabinetes de trabalho e de reunião, recebe a direção do Centro; várias outras salas, anexas às áreas das régies do Auditório Jorge Sampaio, permitem também receber as equipas técnicas e de produção. Está prevista a possibilidade de funcionamento autónomo das duas salas, dispondo cada uma delas de infraestruturas e espaços de apoio técnico independentes, embora todo o conjunto e respetivos foyers e circulações estejam interligados, podendo funcionar como um todo.
Lisboa, Outubro 2008