Música

Festival de Sintra | Concerto de Encerramento Nicola Benedetti, Orquestra do Algarve e Pablo Urbina

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  2025-06-22 19:00

As duas primeiras obras deste programa dão-nos uma visão do cruzamento de gerações e evolução estilística em finais do século XVIII, pois tanto a Sinfonia de Carl Philipp Emanuel Bach como o Concerto de Mozart foram compostos em 1775.

De CPE Bach, o mais ilustre filho de Johann Sebastian Bach, dá-se a ouvir uma das sinfonias que escreveu no período em que esteve ao serviço de membros da família real da Prússia em Hamburgo, que correspondeu aos últimos 20 anos da sua vida (1714 - 1788). Bach sucedeu como mestre de capela na cidade alemã a Georg Philipp Telemann, ilustre compositor do barroco alemão que era, coincidentemente, seu padrinho.

O estilo desta sinfonia é fascinante na sua forma profundamente híbrida e reflexo do cruzamento de estilos. Se por um lado incorpora já diversos elementos da forma clássica, por outro mantém-se filiada à estrutura em três andamentos, ao invés da forma em quatro andamentos típica do classicismo.

São também dignos de nota os incontáveis solos nos instrumentos de sopro, que alternam com tutti enérgicos de toda a orquestra, fazendo pensar num Concerto Grosso barroco onde, no entanto, já está ausente a figura do cravo e do baixo contínuo.

No mesmo ano, e cerca de 900 quilómetros a sul, um jovem Mozart de apenas 19 anos escrevia o seu terceiro concerto para violino na cidade de Salzburgo, um exemplo da completa assimilação das formas musicais do seu tempo pelo ainda adolescente Mozart.

De acordo com a correspondência entre Wolfgang e o seu pai Leopold, este concerto poderá ter tido o seu terceiro andamento inspirado numa sinfonia de Carl Ditters von Dittersdorf que o compositor terá ouvido em Estrasburgo numa das muitas viagens pela Europa que fizeram de Mozart um dos mais cosmopolitas e mundividentes músicos do seu tempo, sendo lendárias as primeiras digressões, ainda criança, conduzidas pelo seu pai.

No total, Mozart compôs cinco concertos para violino, todos entre 1772 e 1775. Esta mão cheia de composições representa, desde então, o pináculo do estilo clássico para violinistas e também para a escrita para este instrumento, que Mozart veio a preterir em detrimento dos concertos para piano, nos quais se apresentava como brilhante solista, tendo escrito mais de vinte.

Assim, qualquer concerto para violino de Mozart é como um retrato perfeito do compositor na sua primeira maturidade, alternando deliciosas melodias com um jogo equilibrado com a orquestra. Especialmente digno de nota é o Adagio deste terceiro concerto, em que as cordas da orquestra tocam com surdina, provocando um efeito verdadeiramente íntimo e pacífico, que prepara a vivacidade do terceiro e último andamento.

A Sétima Sinfonia de Beethoven, escrita e estreada em 1813, é um caso de grande sucesso na carreira do compositor alemão.

Estreada num concerto que era uma demonstração de patriotismo e apoio às tropas austríacas na sua campanha contra Napoleão, na mesma noite Beethoven deu também a ouvir pela primeira vez a sua composição patriótica intitulada A Vitória de Wellington, uma partitura orquestral concebida para celebrar e assinalar a vitória do Duque de Wellington sobre os franceses na batalha de Vitória, em Espanha, ocorrida apenas seis meses antes.

O grande sucesso da noite foi, porém, a Sétima Sinfonia, desprovida de qualquer conteúdo programático ou mesmo patriótico, assumindo-se apenas como uma grande e ambiciosa sinfonia, cheia de melodias inesquecíveis e passagens dignas de arrepios.

O seu impacto foi de tal ordem que o segundo andamento teve de ser bisado imediatamente, antes mesmo de se ouvirem o terceiro e quarto. O sucesso da sinfonia fez com que prontamente se organizassem outros concertos para ser dada a ouvir mais vezes, o que segundo relatos próximos de Beethoven, terá contribuído para o livrar da situação de penúria iminente em que então se encontrava.

Importa também referir que a orquestra que estreou esta sinfonia se compunha de muitos dos melhores músicos e instrumentistas disponíveis em Viena à época, o que terá contribuído para uma interpretação de alto nível, circunstância que nem sempre acontecia com a estreia de obras orquestrais de Beethoven.

 

Nicola Benedetti, violino | Pablo Urbina, maestro | Orquestra do Algarve

Programa:

Carl Philipp Emanuel Bach, Sinfonia em Mi-bemol Maior, H.664

Wolfgang Amadeus Mozart, Concerto para violino n°3 em Sol maior, K.216

Ludwig van Beethoven, Sinfonia nº7 em Lá Maior, Op.92

 

Bilhetes à venda na Ticketline.  

Mais informações em Festival de Sintra.

 

 

 

Lista de datas (página de detalhes do evento)


  • 2025-06-22 19:00
MORADA
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Praça Dr. Francisco Sá Carneiro
2710-720 SINTRA

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geral.ccoc@cm-sintra.pt

TELEFONE
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